Metade de mim
Lindolfo Cunha
Despeço-me vezes sem conta até que ganho uma coragem angustiante e viro-te as costas.
Ligo o meu carro, fico estático com as mãos entre as pernas e encolhido em mim.
Suspiro.
Sinto o teu cheiro na minha roupa, fico com um sorriso estampado na cara. Sei que tenho uma viagem pela frente, a distância física irá ficar enorme novamente, já estou ansioso por estar contigo e ainda não fiz um metro destes longos Kilómetros que nos separam.
Estou com um amor gigantesco dentro de mim, revitalizei novamente.
És a culpada!
Penso na sorte que tenho por te ter, mesmo que ausente.
Quem dançaria agarrada a mim num jardim público como se não houvesse ninguém para além de nós? Quem cantaria para mim com um sorriso nos lábios e gargalhadas no final? Quem iria dizer que me ama num tom que me faz arrepiar?
Só tu sabes fazer isso de uma forma inocente, delicada e pura.
Tenho que ir embora, já é tarde.
Suspiro novamente e ainda mais profundo.
Deixo contigo parte de mim, mas levo o meu coração a fervilhar.
Amo-te muito Mimi.
Até amanhã meu anjo.