A nossa utopia
Lindolfo Cunha
Recebo o teu telefonema, faltam minutos para te voltar a ver novamente.Um nervoso miudinho toma conta de mim. Revejo-me ao espelho, o sorriso está estampado como sempre quando penso em ti.
Subitamente o teu carro encosta ao meu, estás da mesma forma do que eu, já não me sinto sozinho, afinal somos dois parvos apaixonados.
A brisa sopra no teu cabelo fino, tentas compor de uma forma elegante e tão tua.
«Estás perfeita.»
Os nossos olhos fixam-se de uma forma intensa, o sorriso intensifica-se. Estou estático a aguardar que chegues até mim, espero impacientemente que não demores porque tenho a pernas trémulas.
«Quem és tu? O que me fizeste? É tão bom mas sinto-me tão patético.»
Os teus lábios com batom vermelho estão a 10 centímetros, estou quase a implorar que toquem nos meus. “Desculpa a demora.”
Beijámos-nos intensamente, a minha mão percorre a tua cara. De olhos fechados sinto cada contorno do teu rosto, parece que foram desenhados pormenorizadamente.
«És tão deslumbrante.»
Acabamos enlaçados um no outro a ouvir o mar, a sentirmos os corações a bater de uma forma mais forte. É uma sensação tão reconfortante, tão intensa que não me apetece largar-te nunca.
O sol está a fugir no horizonte, admiramos o céu alaranjado, o cenário é lindíssimo o nosso amor é o protagonista. Sussurro-te no ouvido:
“Diz que me amas e prometo que te faço muito feliz.”
Voltas o pescoço para olhar para mim e sem hesitares proclamas sem medos.
“Amo-te, amo-te muito.”
Ouvi poesia.
Agarro a tua face com as minhas mãos e agradeço-te com um beijo suave na testa.
É a nossa utopia.